D. Francisco de Lemos

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D. Francisco de Lemos

Detalhes do registo

Informação não tratada arquivisticamente.

Nível de descrição

Fundo   Fundo

Código de referência

PT/AUC/PFM/DFL

Tipo de título

Formal

Título

D. Francisco de Lemos

Título paralelo

D. Francisco de Lemos de Faria Pereira Coutinho

Datas de produção

1775  a  1819 

Dimensão e suporte

1 u.i (1 cx; 124 doc.)

Entidade detentora

Arquivo da Universidade de Coimbra

História administrativa/biográfica/familiar

Francisco de Lemos de Faria Pereira Coutinho nasceu em 05.04.1735, na casa e morgado de Marapicu, freguesia de Santo António de Jacotinga, Rio de Janeiro (Brasil), sendo filho de Manuel Pereira Ramos de Lemos e Faria e D. Helena de Andrade Souto Maior Coutinho.Estudou em Coimbra, no Real Colégio das Ordens Militares e em Coimbra recebeu a prima tonsura e as quatro ordens menores, em 09.09.1753, concedidas pelo Bispo de Macau, D. Bartolomeu, na Capela de São Francisco de Borja, do Colégio de Jesus. Frequentou a Faculdade de Cânones, desde 1740, tendo obtido o grau de licenciado em 24.07.1754 e o doutoramento em 24.10.1754; tendo sido também opositor às cadeiras de Cânones, logo após o seu doutoramento. Em 05.091767 tomou posse como juiz geral das três Ordens Militares. Foi deputado do Santo Ofício da Inquisição de Lisboa e deputado da Real Mesa Censória, de que tomou posse em 29.04.1768. Por Decreto de 18.01.1768 foi nomeado Desembargador da Casa da Suplicação, tomando posse em julho do mesmo ano. Também em 1768 foi eleito pelo cabido da Sé de Coimbra vigário capitular do bispado e nesse meso ano foi nomeado governador do bispado, após a prisão do bispo D. Miguel da Anunciação. Por Decreto de 08.05.1770 e Carta Régia de 14.05.1770 foi nomeado reitor da Universidade de Coimbra, tomando posse em 29.05.1770 que ficou registada no livro dos Conselhos da Universidade (vol. 44, fl. 9-20v), juntamente com a descrição do cortejo que o acompanhou desde que entrou na cidade, vindo da sua Quinta de São Martinho, até que chegou na sala grande dos atos.Recebeu a nomeação de membro do Conselho de Sua Majestade, por Decreto de 29.08.1772 e Carta Régia de 02.09.1772.Por Carta Régia de 11.09.1772 foi nomeado reformador da Universidade e foi já nesta qualidade que preparou a visita do Marquês de Pombal à Universidade, para entrega dos novos Estatutos, que se iniciou em 22.09.1772.Pela Bula de 13.04.1774 foi feita a confirmação da sua nomeação como Bispo de Zenopoli e como coadjutor e futuro sucessor do bispo de Coimbra, D. Miguel da Anunciação, que se encontrava preso no forte de Pedrouços. Foi o 52.º bispo de Coimbra e 17.º Conde de Arganil.A partir do ano de 1779, ausentou-se para Lisboa e ali residiu até 1799, tendo habitado no designado Palácio do Machadinho, na rua do Acipreste, na morada de seu irmão João Pereira Ramos de Azeredo Coutinho que adquirira aquele palacete depois da morte do seu proprietário, José Machado Pinto. Quando o Marquês de Pombal faleceu, na sua casa da vila de Pombal, D. Francisco de Lemos presidiu às exéquias celebradas em Pombal, em 11.05.1782. Ocupou de novo o reitorado da Universidade, depois da sua nomeação por Carta Régia de 13.05.1799 e até 11.09.1821, data em que pediu a sua exoneração, quando contava já 86 anos de idade.Fez parte de uma deputação organizada pelo general Junot, que se dirigiu a Baiona, encarregada de prestar cumprimentos a Napoleão, tendo saído de Lisboa em 17.03.1808. Devido à Guerra Peninsular e aos movimentos militares que tiveram lugar, só pode regressar ao país em 09.11.1810. Quando se preparava para entrar em Coimbra foi mandado desterrar para o Porto, por ter sido considerado traidor à pátria, ali permanecendo até 1812. Só lhe foi permitido regressar à sua diocese de Coimbra e à Universidade por Aviso Régio de 07.081812, tendo regressado apenas em 23.12.1813.Enquanto bispo de Coimbra, usava também os títulos de conde de Arganil e Senhor de Coja. Devem-se-lhe diversas cartas pastorais, algumas das quais foram impressas em Lisboa, providenciando sobre instruções aos párocos, as dispensas matrimoniais, etc.Faleceu na Quinta de São Martinho (freguesia São Martinho do Bispo, c. Coimbra), propriedade da Mitra de Coimbra, em 16.04.1822. Foi na Sé de Coimbra que tiveram lugar as solenes exéquias fúnebres, em 23 e 24.05.1822, tendo sido proferidas orações fúnebres por Fr. António José da Rocha e por Fr. Fortunato de São Boaventura que foram impressas nesse ano.

História custodial e arquivística

O arquivo pessoal de D. Francisco de Lemos devia ser formado por outra documentação que não terá sobrevivido até hoje. Por outro lado, assim como a documentação que foi identificada esteve largo tempo descaminhada, pode suceder que venha a ser localizada ainda, posteriormente, outra documentação.Quando faleceu D. Francisco de Lemos, em 1822, residia então na Quinta de São Martinho (na freguesia de São Martinho do Bispo), em Coimbra e, muito provavelmente, ali conservaria alguma documentação particular.O mesmo se diga quanto à existência de documentos pessoais, guardados em armários do seu gabinete, junto aos seus aposentos, no Paço Episcopal, de acordo com o que pode ler-se no inventário feito em 30.04.1822.Também no Paço Reitoral da Universidade poderão ter ficado alguns dos seus documentos pessoais. De acordo com uma pequena nota manuscrita que terá estado junto a alguns dos documentos: “Cartas do Dezembargador dos agravos da Caza da Suplicação João Pereira Ramos de Azeredo Coutinho…” , o autor dessa nota, doutor António Garcia Ribeiro de Vasconcelos (diretor do AUC entre 1901 e 1927), terá feito a identificação destas cartas pessoais, que integram o fundo documental, procurando atribuir-lhes um tratamento arquivístico. Por seu turno, no verso da mesma nota, encontra-se uma outra identificação do punho do licenciado João José de Brito e Silva, que foi 1.º conservador do AUC entre 1921-1936: “54 cartas ao Reitor Reformador da Universidade….”, a revelar uma outra fase de tratamento arquivístico. São do seu punho, também, as identificações, a lápis, que estão colocadas no verso de algumas cartas, assim como a numeração sequencial de 1 a 54. Por impossibilidade de tempo para se dedicar a este trabalho, não lhe terá dado continuidade, pois no relatório sobre o seu trabalho no Arquivo, que redigiu em 28.05.1935, dá conta do excesso de trabalho, da desorganização do acervo e da falta de funcionários: “Todos os cartórios que constituem hoje este arquivo, andaram em tempos confundidos”.Mais tarde, pese embora não ter sido possível precisar a data, as cartas foram de novo identificadas e colocadas em capilhas com breve identificação, datilografada, denotando, ainda, nova etapa de tratamento arquivístico.Refira-se, também, que o próprio D. Francisco de Lemos terá organizado a sua correspondência pessoal, de acordo com os breves sumários e indicações que deixou redigidos no verso das cartas.

Fonte imediata de aquisição ou transferência

Não está ainda determinada a forma de incorporação deste fundo documental, no Arquivo da Universidade, uma vez que as caixas com documentação onde foram localizadas estas cartas não estavam associados a qualquer fundo, em concreto. Resta, ainda, a dúvida se este fundo poderá ter estado, sempre, integrado no acervo documental da Universidade de Coimbra, por D. Francisco de Lemos ter sido seu reitor. O atual edifício do Arquivo da Universidade foi inaugurado em 16 de outubro de 1948, transitando para aqui toda a documentação existente no antigo cartório da Universidade.

Âmbito e conteúdo

Contém correspondência recebida de seus familiares, nomeadamente sua mãe Helena de Andrade Sotto Maior Coutinho, seus irmãos João Pereira Ramos de Azeredo Coutinho e Inácio Rangel de Azeredo Coutinho (cartas redigidas no Rio de Janeiro, em 1778), suas irmãs, as religiosas Ana de São Francisco e Maria da Encarnação, seu primo Francisco Teles Barreto de Meneses, de sua prima Ana Cândida de Castro Lemos e Morais, de seus sobrinhos Manuel Inácio, Inácio José de Morais e Brito e de sua sobrinha Maria da Conceição Lacerda. Contem ainda correspondência de outras pessoas, para as quais não foi possível estabelecer laços familiares, mas que pelos apelidos utilizados poderão ser da família. Refiram-se os nomes desses signatários: Luís Manuel de Meneses Mascarenhas, Berarda Vicente Ramalho da Fonseca e Lemos, Fernando Luís, Vicente Pereira de Melo, Grácia Perpétua de Almeida Beltrão, Marcelino Pinto, José Pacheco de Albuquerque e Melo, Damião Pereira, Bernardo Cabral Arez de Belmonte, José Xavier Teles, António Barbosa de Almeida, Monsenhor Freixo de Miranda, Francisco Manso de Canais, José da Fonseca e Silva.Todas são provenientes de diversos locais, desde o Rio de Janeiro, a Lisboa, Porto, Coimbra, Aguim, Lorvão, etc., sendo em maior número as missivas de seu irmão João Pereira Ramos de Azeredo Coutinho, redigidas em Lisboa, entre 1775 e 1779, num total de 54 documentos.O fundo documental engloba alguns apontamentos manuscritos da sua atividade quotidiana, mais concretamente: rascunhos de duas cartas que terá redigido, um dos quais está lançado, curiosamente, no verso de documento de despesa, não datado, contendo o valor de trabalho de costura “pegar botões em duas murças”, “feitio de vestido de pano roxo”, etc., bem como apontamentos, em forma de agenda de trabalho (Foto 3), distribuído pelos dias da semana: “responder a cartas de correio”, “presidir à Junta da Fazenda”, “presidir ao Conselho de Decanos”, “expediente da Secretaria de Estado”, etc.

Sistema de organização

Ordenação da correspondência pelo apelido, do nome de cada emissário das cartas, seguida de uma ordenação cronológica. No final ficaram colocados os rascunhos de cartas que terá redigido.

Idioma e escrita

Português

Características físicas e requisitos técnicos

Oxidação do papel pela tinta ferrogálica, em alguns casos; manchas de humidade e fungos, com perda de suporte, em percentagem reduzida dos documentos.

Instrumentos de pesquisa

Inventário. Catálogo de Cartas de seu irmão Dr. João Pereira ramos de Azeredo Coutinho

Notas de publicação

Referência bibliográficaBANDEIRA, Ana Maria Leitão - “Mano muito do meu coração…” Reconstituição do arquivo pessoal de D. Francisco de Lemos e transcrição das cartas de seu irmão João Pereira Ramos de Azeredo Coutinho (1775-1779)". Boletim do Arquivo da Universidade de Coimbra Vol. XXX, p. 35-160

Publicador

anamaria

Data de publicação

20/10/2021 12:51:18