Mosteiro de Santa Maria de Celas
Nível de descrição
Fundo
Código de referência
PT /AUC/MC/MSMCCBR
Tipo de título
Formal
Título
Mosteiro de Santa Maria de Celas
Datas de produção
1219
a
1934
Datas de acumulação
1221-1883
Dimensão e suporte
55 u. i. (9 cx., 46 liv.); pergaminho e papel.
Extensões
9 Caixas
46 Livros
Entidade detentora
Arquivo da Universidade de Coimbra
História administrativa/biográfica/familiar
O Real Mosteiro de Santa Maria de Celas foi fundado por volta do ano de 1221 no “vale de Vimarães, e na extremidade do mais formoso arrabalde de Coimbra”, era feminino e pertencia à Ordem de Cister.Na descrição feita por frei Bernardo da Assunção, baseada nos documentos existentes no cartório deste mosteiro e mandada fazer pelas abadessas Maria Manuel e Maria de Mendonça, esta última eleita no ano de 1648, narra assim:- “Dona Sancha, filha do rei Sancho I, (…) que viveu alguns anos neste lugar; acho memória sua do ano de mil e duzentos e dezanove em que fez algumas compras de fazenda, assi neste sítio e em lugares circunvizinhos (…). Mas como esta rainha não teve a quietação que era devida à qualidade de sua pessoa, pois em um tempo estava em Alenquer, em outro em Montemor, não pode efectuar o que o seu bom ânimo lhe pedia, que era aperfeiçoar este convento, para o qual intento pedio ao arcebispo de Braga e ao bispo de Coimbra lhe assinassem lugar para fazer hum oratório para viver com algumas religiosas em recolhimento, oração e contemplação: Foi-lhe concedida a licença (…) do tempo em que se concedeu esta licença não consta ao certo, porque não relata a concessão o ano em que foi passada, somente se faz menção do mês em que se concedeu: desta porta do sol e lugar dela não acho memória certa: devião de escolher este sítio como mais acomodado a seu intento, assim pela abundância das águas como pela fertilidade da terra e temperatura dos ares. Foi ordem da Divina bondade se fundasse tão religioso e observante mosteiro (…)”. Livro de Títulos e Memórias Antigas MSMCCBR-35.Mais adiante narra o mesmo livro: “Suposto que este mosteiro de Santa Maria de Celas se possa dizer que na vila de Alenquer teve seu princípio. Assim por a rainha Dona Sancha, filha e El-rei Dom Sancho primeiro do nome e segundo deste Reino, Senhora daquela vila ser sua padroeira: Como por haver primeiro naquela vila religiosas, que eu per notícia alcancei, não serem mais de sete, nem o sítio he capaz de mais gente: no qual sítio está ainda hoje uma capela da feitura da deste convento, e se chama Santa Maria, aonde a santa fazia muitos milagres (…)”. MSMCCBR-35. A sua fundadora mandou fazer uma igreja e dependências à sua volta, onde se recolhem as freiras. Do primitivo mosteiro cisterciense pouco resta, pois que o mesmo sofreu obras de vulto, nos séculos XVI e XVIII.Este mosteiro, dada a sua estirpe, foi escolhido por muitos ilustres para aqui colocarem as suas filhas.Em 1834, no âmbito da "Reforma geral eclesiástica" e pelo Decreto de 30 de maio, foram extintos todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e casas de religiosos de todas as ordens religiosas, ficando as de religiosas, sujeitas aos respetivos bispos, até à morte da última freira, data do seu encerramento definitivo.Em carta datada de 1837, diz que as religiosas deste mosteiro são 22 e estão reduzidas ao último apuro.Com o falecimento da última religiosa D. Maria Felismina de Nossa Senhora do Ó de Figueiredo Negrão, da Ordem de São Bernardo, em 15 de abril de 1883, encerrou o Mosteiro de Santa Maria de Celas de Coimbra, o que determina a sua extinção.
Âmbito e conteúdo
A documentação deste fundo é relativa, na sua grande maioria, à administração financeira e patrimonial do Mosteiro de Santa Maria de Celas de Coimbra, nomeadamente: títulos de propriedades, privilégios, e outros relacionados com a administração de bens e pessoas, como bulas pontifícias e documentação episcopal, cartas régias, cartas de aforamento, de arrendamento, de compra, de doações, de emprazamento, de escambo, de fiança, de posse, de privilégio, de venda, contratos, demandas, inventários de bens, sentenças, títulos de herança.A documentação menciona bens situados nos lugares e termos de Alenquer, Coimbra, Figueiró dos Vinhos, Lisboa, Lousã, Miranda, Montemor-o-Velho, Santarém, Cernache, Torres Vedras e Ventosa do Bairro, entre outros.
Sistema de organização
A documentação foi classificada em séries documentais, correspondendo à tipologia formal dos atos. As séries estão ordenadas alfabeticamente e dentro destas cronologicamente.
Idioma e escrita
Português
Unidades de descrição relacionadas
Portugal, CMC; Arquivo Histórico da Câmara Municipal de CoimbraCompletiva: Portugal, Torre do Tombo, Mosteiro de Santa Maria de Celas (F). Código: PT/TT/MSMRC Portugal, Arquivo Distrital de Leiria, Escritura de transacção Portugal, Biblioteca Nacional de Lisboa. Genérica: Portugal, Torre do Tombo, Ministério das Finanças, cx. 1905 e 1906. Código: PT/TT/MF-DGFP/E/002/00030 Portugal, Torre do Tombo, Mosteiro de São Vicente de Fora, Livro do armário 41 Portugal, Torre do Tombo, Secretaria de Estado dos Negócios Eclesiásticos e da Justiça, mç. 408, n.º 2.
Notas
Relativamente ao edifício do Mosteiro de Celas, sabemos que a irmandade de Nossa Senhora da Piedade, fundada em 1624, na Igreja de Nossa Senhora da Piedade de Celas de Coimbra, toma conta do mosteiro, a partir do falecimento da última freira em 1883. Em 1891 foram as suas instalações utilizadas para asilo de cegos e aleijados, em 1932 são as mesmas instalações aproveitadas para sanatório de mulheres, de 1977 a 2011 ali funcionou o Hospital Pediátrico de Coimbra, hoje o edifício encontra-se vazio.
Data de publicação
14/05/2021 01:33:21